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sexta-feira, 23 de maio de 2014

NEONOMICON


NEONOMICON, a mais recente obra-prima de Alan Moore. Leia minha crítica aqui:


NEONOMICON
Alguns comentários sobre a mais recente obra prima de Alan Moore.

Alan Moore é sinônimo de qualidade em HQ’s pra muitos leitores. Poucos são os que não gostam da obra do mago inglês. Afinal, ele revolucionou a forma como os quadrinhos americanos eram produzidas como poucos. Apenas algumas obras europeias eram feitas com o mesmo esmero voltadas para o público adulto até então. Quando, nos anos 80, Moore  foi contratado pela DC Comics para escrever o Monstro do Pântano, ele passou a fazer da revista mais do que apenas uma séries de histórias de bem contra o mal, mas introduziu outros temas, e outras formas de se discuti-los nas páginas de um gibi.
Anjos depois, o mundo dos quadrinhos ainda não aprendeu a seguir direito os preceitos do mestre. E o próprio Moore decidiu abandonar o mercado de quadrinhos, trabalhando apenas esporadicamente em uma ou outra obra quando dá vontade. Uma dessas obras é NEONOMICON, que chegou ao Brasil no ano passado, com pouco alarde, mas vendendo feito água.
Segundo o autor, essa HQ foi lançada apenas porque Moore devia ao imposto de renda, e precisava conseguir algum dinheiro. Mas engana-se quem achar que o resultado foi um trabalho eito nas coxas. Moore usou o seu toque de gênio para criar uma história que, travestida de “um clichê de investigação sobrenatural”, se apresenta como uma grandiosa história, cheia de referências ao escritor H.P Lovecraft, mas que ainda assim possui várias de suas marcas autorais.
Na edição lançada no Brasil, que começa tendo como introdução “O Pátio”, uma HQ que adapta um conto do próprio Alan Moore, mas roteirizada por Antony Johnston, que mostra Aldo Sax, um agente do FBI investigando uma série de assassinatos que podem ter ligação com o uso de uma nova droga que está na moda entre os jovens de uma cidade. Sem grandes novidades tanto na temática quanto no estilo, essa história seria facilmente esquecida se, anos depois, Alan Moore resolvesse usá-la como base para NEONOMICON. Alguns dos personagens e  conceitos desse conto adaptado acabaram servindo de base para a mini série.
NEONOMICON começa anos depois dessa introdução, quando dois agentes do FBI Merril Brears e Gordon Lampers vão investigar o que aconteceu com o agente que investigava os assassinatos em “O Pátio”. Sax acabou enlouquecendo, e agora cabe aos agentes descobrir o que aconteceu com ele. Os dois vão parar na cidade em que o agente Sax investigava, e disfarçados de um casal praticante de orgias, acabam encontrando um grupo de adoradores de um monstro lovecraftiano que pratica orgias com um ser meio humanoide, meio reptiliano.
Carregado de cenas de violência e sexo explícito, essa revista gerou polêmica nos EUA, quando de seu lançamento, e mais polêmica depois que uma adolescente emprestou um exemplar de uma biblioteca pública. Mas, polêmica a parte, a proposta da revista, segundo Moore, era justamente mostrar o sexo de forma explícita e natural. Sabendo que a revista possui toda essa “baixaria” (no bom sentido, claro!) é possível ver que tudo o que está sendo mostrado não tem nada de chocante, mas o sexo está lá de forma natural, mesmo tendo sido praticado por adeptos de orgias, e com um monstro. Para os puritanos, pode ser um choque, mas quem não vê maldade nas perversões, tudo acaba sendo apenas parte da história, algo natural. E é assim que Moore trata do sexo nessa história. Chocante talvez seja o fato de esse grupo ter relações com um monstro, ou mesmo serem assassinos. Mas nas cenas de sexo, não há diferenciação no tratamento dramatúrgico da história, estejam os personagens vestidos ou nus.
Mas o que faz de NEONOMICON um clássico instantâneo para os fãs de Alan Moore é o modo como ele lida com a história, os vários climas, que mudam de capítulo a capítulo, de cena a cena. O primeiro capítulo é como se o leitor estivesse vendo um episódio de “Arquivo X”. Mas o mini clímax que termina esse capítulo joga os personagens em uma reviravolta na investigação que é como se inicia o capítulo 2, com os agente encontrando o grupo que pratica orgias. Os capítulos 2 e 3 possuem quase o mesmo clima sombrio do filme “O Silêncio dos Inocentes”. E o andamento da história consegue transmitir um perfeito clima cinematográfico ao leitor. A primeira aparição do monstro é uma aula de como usar os quadrinhos para criar suspense.
O capítulo 3 é onde o leitor aparentemente dá um tempo pra respirar. Enquanto a gente Brears está em cativeiro com o monstro, o FBI está investigando o desaparecimento dela e de seu parceiro. As cenas são intercaladas para dar ao leitor a noção de quanto tempo pode ter se passado entre as cenas. Já o capítulo 4, final, é onde os pontos são amarrados, mas não pense que o desfecho se dá de forma leviana. Pelo contrário, Moore sendo Moore nos brinda com uma história onde, mesmo quando está acabando, e as tramas sendo concluídas, ainda há espaço para novas informações serem acrescentadas à história, dando mais credibilidade, e fazendo a cabeça do leitor dar uns nós com as revelações que são acrescentadas. Coisas que, durante a leitura, não fazíamos ideia de que haviam pistas sendo deixadas pra nós, mas que ao serem novamente mencionadas, acabam ganhando um outro sentido.
NEONOMICON é uma história que talvez poucos leitores, mesmo fãs do escritor, considerarão como uma obra prima dele, pois, com exceção de “Do Inferno”, a maioria das histórias dele eram baseadas no universo de super heróis, pulps, enfim, as raízes das hq’s. Com uma obra que mais se parece com as primeiras séries lançadas pelo selo Vertigo, passada no “mundo real”, ele pode “enganar” alguns leitores fazendo-os pensar que esta é uma obra menor. Ledo engano. Quem ler esta HQ vai ser brindado com uma história cheia de significados, como a maioria dos trabalhos dele.
Outro ponto a se discutir: Alguns críticos tem comentado que para entender muitas das referências contidas aqui, seria preciso conhecer a obra de H.P. Lovecraft. Discordo. Talvez o leitor de Lovecraft reconheça as referências mais rápido, mas alguém que nunca leu nada dele, ou, como eu, leu pouco e nem gostou muito, dá pra curtir a história assim mesmo. Algumas das referências são mencionadas pelos próprios personagens de forma bem explícita. Mas, conhecendo ou não Lovecraft, é muito curiosa a forma como Alan Moore faz com que a vida, a obra e o culto ao escritor se fundem criando uma nova mitologia à obra de H.P. Lovecraft.  Por isso, eu recomendo também a leitura da HQ Lovecraft, de Hans Rodionoff, publicada pelo selo Vertigo, da DC Comics, para quem não conhece nada da biografia do autor. Apesar de não ter ligação com a obra de Moore, é um bom ponto de partida pra se conhecer um pouco da vida dele. Principalmente ao saber que Alan Moore vai publicar uma “sequência” de NEONOMICON, que se chamará PROVIDENCE, e vai ter o próprio escritor como personagem. Com certeza, vem aí mais uma obra imperdível!


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